quinta-feira, outubro 26, 2006

Cheias

Enquanto ontem via no telejornal a falarem sobre as cheias, veio-me este pensamento: já repararam que o ser humano nunca está bem? E concluo isto porquê?

As pessoas que ontem falaram na televisão queixaram-se do mau tempo, da enorme quantidade de precipitação que tinha havido naquele dia e, sobretudo, da negligência das autarquias na manutenção do saneamento e escoamento de águas… na minha opinião as autarquias não têm grande culpa no sucedido e o alarido popular é injustificado. Este é motivado apenas pela angústia e tristeza de verem os seus bens e negócios irem literalmente “por água abaixo”. Ora, é natural, eu também ficava assim ou então pior. O que eu não ficava era parado no próximo ano, sem nada fazer, sem medidas tomar em defesa dos meus bens ou, ainda mais importante, em defesa do meu imprescindível negócio! Ainda quanto às autarquias, nas situações de cheias similares a estas não há saneamento que aguente, não há grades e tubagens que não entupam…tudo tem a ver com a fisionomia do terreno e com a localização das casas para saber se vai haver "aqui" cheia ou não.

A notícia das cheias é daquelas notícias que dão todos os anos, que nem aquecem nem arrefecem a reputação governamental perante as populações…e se, ao invés, a noticia fosse sobre a seca então teríamos na mesma as pessoas a queixarem-se, porque nunca estão bem…

quinta-feira, outubro 19, 2006

Para a Pilarinha:

"O amor é uma companhia.
Já não sei andar só pelos caminhos,
Porque já não posso andar só.
Um pensamento visível faz-me andar mais depressa
E ver menos, e ao mesmo tempo gostar bem de ir vendo tudo.
Mesmo a ausência dela é uma coisa que está comigo.
E eu gosto tanto dela que não sei como a desejar.
Se a não vejo, imagino-a e sou forte como as árvores altas.
Mas se a vejo tremo, não sei do que é feito o que sinto na ausência dela.
Todo eu sou qualquer força que me abandona.
Toda a realidade olha para mim como um girassol com a cara dela no meio."



Alberto Caeiro